O Governador do Amazonas, Wilson Lima, apresentou, na noite desta quarta-feira (27), o plano de reabertura gradual do comércio de atividades não essenciais, que irá ocorrer a partir do dia 1º de junho. A medida vale somente para capital. A flexibilização ocorre, segundo o governo, após redução no avanço da Covid-19. Em todo o estado, o número de casos da Covid-19 passa de 33,5 mil e são mais de 1,8 mortes em decorrência da doença.

O plano de reabertura prevê quatro ciclos: o primeiro a partir de 1⁰ de junho; o segundo em 15 de junho; o terceiro em 29 de junho e o quarto a partir de 6 de julho. De acordo com o governo, o avanço para cada etapa do ciclo dependerá da curva de casos do novo coronavírus na capital.

Veja abaixo o cronograma de reabertura, definido por ciclos.

1º ciclo – 1 de junho (grupos de risco não retornam)

  • Igrejas e templos (30% de ocupação, com eventos de 01 hora de duração e intervalo de, no mínimo, 05 horas entre um vento e outro)
  • Lojas de artigos esportivos e bicicletas (venda e reparo)
  • Lojas de artigos para casa
  • Lojas de vestuário, acessórios e calçados
  • Lojas de móveis e colchões
  • Atendimento presencial, médico e odontológico, sujeito a agendamento prévio
  • Joalherias e relojoarias
  • Comércio de artigos médicos e ortopédicos
  • Serviços de publicidade e afins
  • Petshops
  • Lojas de variedades
  • Agências de turismo
  • Concessionárias e revendas de veículos em geral
  • Óticas
  • Floriculturas
  • Bancas de revista em logradouros públicos

2º Ciclo – 15 de junho (grupos de risco não retornam)

  • Lojas de informática, comunicação, telefonia e materiais e equipamentos fotográficos
  • Lojas de brinquedos
  • Livrarias e Papelarias
  • Lojas de departamentos e magazines
  • Restaurantes, cafés, padarias e fast-food, para consumo no local
  • Comércio de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal
  • Lojas de eletrodomésticos, áudio e vídeo
  • Comércio de animais vivos
  • Comércio de bijuterias e semijoias
  • Comércio especializado de instrumentos musicais e acessórios
  • Comércio de equipamentos de escritório
  • Escritórios Contábeis
  • Escritórios de Imobiliárias
  • Assistência Técnica de eletrônicos, eletrodomésticos e demais itens
  • ·Bancas de jornais e revistas em espaços internos

3º ciclo – 29 de junho (grupos de risco não retornam, inicialmente por duas semanas)

  • Lojas de artesanatos e souvenirs
  • Cabeleireiros, barbearias e outras atividades de tratamento de beleza
  • Comércio varejista de doces, balas, bombons e semelhantes
  • Academia e similares
  • Comércio varejista de artigos de caça, pesca
  • Comércio de fogos de artifícios e artigos pirotécnicos
  • Comércio varejista de armas e munições
  • Stands de vendas de imobiliária
  • Reabertura de parques públicos, aparelhos urbanos e visitas a atrações turísticas

4º ciclo – 6 de julho (Grupos de risco voltam às atividades, exceto se não permitido por ordem médica)

  • Creches, escolas e universidades da rede privada
  • Cinema (capacidade máxima de 50%)
  • Outras atividades não contempladas nos ciclos anteriores
  • De acordo com o plano do governo, as exceções ficam para bares, casas de shows e eventos. Para essas atividades, ainda não há data. Já escolas das redes municipais, estadual e federal, ainda estão à definir.

Outra determinação é quanto aos shoppings, que poderão abrir com uma lotação de no máximo 50%.
“Lojas que estão nesse primeiro ciclo, elas vão poder abrir dentro dos shoppings centers. Segue o mesmo padrão de lojas. Eles não vão abrir com todas as lojas funcionando. Ele vai abrir com parte das lojas funcionando”, disse o secretário de Planejamento, Jorio Filho.

O governo informou que o plano de retomada das atividades não essenciais foi definido a partir do mapeamento e análise de indicadores da evolução da pandemia, como disponibilidade de leitos, taxa de transmissão e óbitos em Manaus que, segundo o governo, estão reduzindo.

“Todas as decisões que estamos tomando são decisões equilibradas. Levando em consideração a diminuição dos casos na capital e o aumento da estrutura que estamos tendo de atendimento para o Covid-19. Conseguimos aumentar significativamente a capacidade de leitos clínicos, leitos de UTI. Tudo isso fez com que tivéssemos um número de recuperados muito grande. A taxa de recuperação do Amazonas é a maior do País. Enquanto a média nacional é de 40%, a nossa é de 70%. Dos 33 mil casos confirmados, temos 26 mil recuperados no Amazonas. Tudo isso prova de que o estado do amazonas está no caminho certo no combate à Covid-19”, diz.

Ainda conforme o governo, o plano de reabertura considera, também, as medidas de prevenção contra o novo coronavírus, que devem ser mantidas.

“Toda essa abertura será de forma gradual, seguindo regras de distanciamento social, o uso de máscara, uso de álcool em gel, medição de temperatura para trabalhadores, clientes e fiéis que vão às igrejas”, disse.

A diretora da Fundação de Vigilância em Saúde, Rosemary Pinto, disse que será elaborado um documento com as normas específicas para os diferentes setores, mas a orientação básica são:

  • Distanciamento social;
  • Home office
  • Evitar aglomerações
  • Manter grupo de risco em casa;
  • Uso de máscara, álcool em gel, higienização dos ambientes
  • Marcação de espaço orientado quando o local tiver fila.
  • Limpeza de áreas frequentemente manuseadas
  • O decreto em vigor que mantém apenas o funcionamento de serviços essenciais segue até o dia 31 de maio.

Lima havia anunciado, no domingo (24), que a reabertura gradual do comércio em Manaus estaria condicionada à redução dos casos da Covid-19.

Estatísticas

De acordo com a última atualização dos casos da Covid-19, nesta quarta-feira (27), o número de casos confirmados de Covid-19 chegou à marca de mais de 33 mil contaminados. O número de óbitos pela doença é 1,8 mil.

Das 62 cidades do estado, somente duas não têm casos da doença. Dos 33.508 casos confirmados no Amazonas, 14.800 são de Manaus (44,17%) e 18.708 do interior (55,83%). Dos leitos de UTI, 82% estão ocupados.

O Amazonas é o quarto estado brasileiro mais afetado pela Covid-19 no país, depois de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.

Pedido de cautela

No Amazonas, pesquisadores que estudam os efeitos da pandemia avaliam que ainda é cedo para uma retomada local das atividades do comércio. Para o vice-diretor de pesquisa da Fiocruz Amazonas, Felipe Naveca, o Amazonas ainda está na curva crescente de casos da Covid-19, e seria arriscado reduzir o isolamento diante da atual circunstância.

“Ainda não é hora de uma abertura geral. A curva de casos continua subindo, mesmo com o isolamento, que de fato nunca foi tão intenso quanto deveria ter sido, porque uma boa parte da população simplesmente não atendeu ao pedido. Além disso, estamos vendo uma interiorização da doença, o que é muito preocupante”, explicou.

Para o prefeito de Manaus é preciso cautela nessa reabertura, porque, apesar da redução de sepultamentos na capital, o número de casos continua subindo. “Temo por uma segunda onda, um segundo pico, que pode ser ainda mais grave”, alertou. Arthur também destacou que Manaus foi uma das cidades brasileiras onde a população não aderiu ao isolamento social e que a reabertura, na verdade, já estava acontecendo antes de se oficializar quaisquer medidas.

Estudo prevê ‘pico explosivo’ em junho

Um estudo apresentado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeam) prevê um novo pico explosivo de coronavírus para o início de junho em Manaus – ainda mais intenso do que o primeiro, que teria sido no início de maio.

Segundo a pesquisa, existem, pelo menos, 85 mil pessoas infectadas pelo coronavírus só em Manaus (cerca de 10% a 15% da população), e que qualquer medida de afrouxamento no distanciamento social pode representar aumento expressivo no número de pessoas contaminadas. Durante as semanas observadas, segundo a pesquisa, o nível de isolamento social era de 40%, considerado baixo.

Um outro estudo, aponta que o número de mortes por Covid-19 no Amazonas deve chegar a 3.194 mortes no começo de agosto. A previsão é do Instituto para Métricas de Saúde e Avaliação (IHME, na sigla em inglês), ligado à Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Segundo a pesquisa, a projeção anterior era de 5,039.

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