A comemoração do Dia da Conservação do Solo, lembrado neste 15 de abril, é plenamente justificável, pois o solo se encontra no centro dos principais desafios do planeta na atualidade: produção de alimentos, de fibras e de bioenergia, além dos serviços ambientais. Tem ainda papel fundamental na mitigação de efeitos de mudanças climáticas, na manutenção e qualidade dos mananciais e na sustentação da biodiversidade.
Conceitualmente, o solo é um recurso natural lentamente renovável, encontrado em diferentes posições na paisagem, formado pela ação do clima e dos organismos vivos sobre o material de origem, ao longo do tempo, modificado pela ação humana. A conservação do solo se baseia em aplicar práticas que promovam seu uso sustentável, ou seja, planejar ações que permitam seu uso ao longo do tempo, porém, sem degradá-lo.
O solo é a base para a produção de alimentos, fibras, bioenergia e outros bens de consumo humano e animal e, por isso, sustenta a vida animal e vegetal na terra. Também sustenta as edificações em áreas urbanas e rurais e a estrutura de transportes, abriga a biodiversidade e os ciclos biogeoquímicos, serve como transformador de resíduos e como filtro e armazém para a água da chuva, entre outros benefícios.
Apesar de todas essas contribuições aos seres vivos, o solo se encontra em condições críticas quanto a sua conservação. As evidências da degradação mostram a necessidade urgente para a retomada dos princípios da agricultura conservacionista. Esses princípios estão baseados na semeadura direta, rotação de culturas, cobertura permanente do solo e práticas conservacionistas complementares, com aumento da infiltração e armazenamento da água no solo.
No Brasil, as perdas de solo por erosão chegam a milhões de toneladas anualmente e, em todo o planeta, se perdem bilhões de toneladas por ano, incluindo os diversos tipos de cultivo. As perdas de solo ocorrem via a água que deixa de infiltrar e que escoa pela superfície, causando enchentes e todas as consequências decorrentes disso. Como o solo e a água perdida se originam em geral de áreas agrícolas em cultivo, estão sempre carregadas de produtos químicos e orgânicos de natureza diversa que causam contaminação ambiental.
Áreas agrícolas com manejo inadequado reduzem significativamente seu potencial de produção e, como na natureza nada funciona de forma isolada, a degradação dos solos acaba por afetar outros elementos naturais, como os recursos hídricos. Portanto, ao conservar o solo, utilizando boas práticas na agricultura, estaremos também conservando a água, maximizando a produtividade e evoluindo para sistemas produtivos sustentáveis nos âmbitos econômico, ambiental, social e cultural.
Alguns manejos para conservar esse importantíssimo recurso natural:
• Cultivar o solo de acordo com sua aptidão de uso
• Utilizar sistemas de cultivo e técnicas de manejo adequadas às condições de clima e solo da região
• Realizar adubação adequada baseada em análise química do solo
• Utilizar técnicas complementares de conservação, de acordo com a necessidade de cada área.
O uso e manejo conservacionista é um processo de busca e aprendizado contínuo, que deve ser perseguido por todos. Assim, é urgente que a sociedade tome conhecimento da importância deste recurso natural e que tome decisões e ações que favoreçam a sustentabilidade e a resiliência dos solos nos sistemas produtivos de hoje, evitando a degradação e perda, bem como seu papel vital na mitigação das mudanças climáticas, como reservatório de carbono, água, nutrientes e outros serviços ambientais.