Neste mês, inicia-se o Movimento Maio Amarelo, campanha internacional que envolve iniciativas conjuntas de instituições públicas e privadas, em um esforço coletivo e integrado, dedicada a desenvolver ações que contribuam de maneira efetiva para a diminuição dos elevados índices de acidentes no trânsito em todo o mundo. “Respeito e responsabilidade” é o mote da campanha deste ano no Brasil.
Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONVS), o Brasil é o quarto país com maior índice de acidentes de trânsito do mundo. Isso significa mais de meio milhão de vítimas todos os anos: suficiente para lotar mais de 5 estádios do Maracanã, um dos maiores estádios de futebol do planeta. A cada 12 minutos uma pessoa morre por acidentes de trânsito no nosso país. Os dados são alarmantes e as ações para prevenção são urgentes.
Em 2021, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabeleceu como mensagem-chave: “No trânsito, sua responsabilidade salva vidas”. Durante o Maio Amarelo, a orientação é trabalhar como tema a responsabilidade e o papel de cada um no trânsito. E vamos juntos nesta missão.
Cuidado com excesso de peso – Nesse contexto de responsabilidade, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também está na linha de frente do movimento. Neste ano, o foco é “Morte: não leve essa carga na estrada”. A ideia é informar, esclarecer e sensibilizar os transportadores a respeito dos limites de peso no transporte rodoviário de cargas, assim como a respeito do mais importante: a segurança viária e a preservação da vida.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em um período avaliativo de 10 anos, das 38.040 mortes em acidentes com envolvimento de caminhão, verificou-se que 2.777 foram resultado de capotamento/tombamento (25,6%).
Segundo explica o relatório, o excesso de peso representa um perigo para as rodovias brasileiras, pois “a sobrecarga pode dificultar a frenagem e a mudança brusca de direção. É possível ainda que haja tombamento. A situação piora à medida que a velocidade aumenta. Além do risco de acidente, o excesso de carga piora a condição da infraestrutura existente. Pode ocorrer também o derramamento de substâncias tóxicas nas rodovias, que podem trazer prejuízos ao meio ambiente e gerar a interdição da pista, prejudicando quem por ali trafega. O resultado disso é a perda de produtividade”.
Conforme dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no ano passado, ocorreram mais de 63 mil acidentes nas rodovias federais. Mais de 5 mil foram decorrentes de tombamento de caminhões por excesso de peso.
Diante dessas estatísticas, a ANTT se preocupa e reforça a fiscalização relativa à sobrecarga dos caminhões. Em 2020, foram 99.698 autuações por excesso na carga. Já de janeiro a abril de 2021, foram 34.190 autuações.
No entanto, o intuito principal é informar, conscientizar e prevenir acidentes. “O objetivo não é multar, mas que todos andem dentro da legalidade”, ressalta o superintendente de Fiscalização de Serviços de Transporte Rodoviário de Cargas e Passageiros (Sufis/ANTT), Nauber do Nascimento. Por isso, a ANTT alerta para os seguintes requisitos de segurança:
- Respeitar o limite da carga por peso bruto total;
- Respeitar o limite da carga por eixo do veículo;
- Respeitar o centro de gravidade (quanto mais baixo, mais adequado);
- Fazer a amarração correta da carga. Nada de carga frouxa;
- Por fim, respeitar os limites de velocidade, principalmente nas curvas.
Podcast – E, para dar o pontapé inicial à nossa campanha e debater o tema com mais profundidade, ouça o novo episódio do nosso programa “ANTT em Sintonia com Você”, na plataforma digital Spotify. No podcast, o superintendente Nauber do Nascimento explica que a principal causa de tombamento nas estradas é o excesso de velocidade associado ao excesso de peso dos caminhões.
“O veículo com excesso de peso põe em risco a vida do caminhoneiro e dos demais cidadãos. O prejuízo é para o transportador, para o embarcador e, claro, para a sociedade”, ressalta Nauber.
O superintendente também alerta para o risco do transporte clandestino, não autorizado pela ANTT: “Esse tipo de veículo, geralmente, apresenta defeitos nos equipamentos de segurança obrigatórios (para-brisa, pneu, extintor, etc) ou até mesmo ausência deles. Além disso, e aqui vem a conexão com o tema de excesso de peso, tais veículos transportam irregularmente muito peso nas bagagens, às vezes até fora do espaço destinado à carga, colocando em risco a vida do motorista e de todos os passageiros”.
Nauber explica que o excesso de peso deixa os caminhões e ônibus com a direção mais instável, gerando mais risco de tombamento. “Para frear o veículo, leva-se mais tempo e os freios podem não aguentar, sobretudo em descida de serras. O desgaste nas rodovias, provocado pelo excesso de peso, aumenta os riscos de acidentes, sobretudo para os veículos de passeio. Buracos e desníveis nas estradas causam prejuízos materiais e financeiros também, como redução na vida útil dos pneus e suspensão, reduzindo a vida útil dos veículos”, destaca.
Por fim, o superintendente conclui: “Menos excesso de peso é igual a menos acidentes e a mais vidas salvas. Juntos, podemos contribuir para que o transporte seja mais seguro e mais eficiente”.