A pandemia de Covid-19 vem, há pouco mais de um ano, gerando impactos em diversos aspectos da nossa vida. Um que passa despercebido é o ambiental, mas basta olhar com atenção os canteiros e sarjetas da cidade para observar a quantidade de máscaras de proteção descartadas incorretamente, prejudicando o meio ambiente e causando risco de contaminação.

Estima-se que o TNT, material que é usado em algumas máscaras descartáveis, leve de 400 a 450 anos para se decompor na natureza. As máscaras cirúrgicas, por exemplo, não se decompõem facilmente por ter em sua composição o polipropileno, material usado na fabricação de embalagens.

“O descarte correto das máscaras deve seguir as orientações dos órgãos competentes ligados à área. Jamais descartá-las junto aos materiais recicláveis, em rios, córregos ou vias públicas. Sempre acondicioná-las em sacos plásticos íntegros, sem perfurações, fechá-los bem e posteriormente fazer o descarte no lixo que seguirá para o aterro sanitário ou incineração”, alerta Veronica Sabatino, secretária municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Itu.

Ela reforça que é preciso lembrar que a máscara é objeto contaminante, por isso, todo cuidado é pouco. “Deve-se lembrar também que o descarte incorreto pode contaminar os coletores de lixo e garis, sem contar que as máscaras levam centenas de anos para se decomporem”, explica ela.

A reportagem do JP conversou com José Soares da Silva, presidente da Comarei (Cooperativa de Materiais Recicláveis de Itu), que confirmou essa preocupação. De acordo com ele, os cooperados que fazem a separação do material coletado estão verificando diversas máscaras e luvas, inclusive, sendo descartadas junto aos recicláveis – o que não é certo.

Veronica prossegue dizendo que o cuidado com o Meio Ambiente é parte primordial para prevenir outras pandemias. “Um meio ambiente equilibrado colabora para que espécies não saiam de seus ecossistemas e entrem em contato com a civilização, funcionando como vetores de vírus e outras doenças até então desconhecidas pelo ser humano. Ter atitudes responsáveis neste momento é sinal de consciência e de cuidados com o meio ambiente”, finaliza a secretária.

Cuidados

A CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e a Câmara Ambiental do Setor Têxtil preparam um material sobre o uso e o descarte adequado das máscaras de uso não profissional. As máscaras de tecido podem durar muitas lavagens, mas devem ser observadas as seguintes recomendações: desgaste do tecido, desgaste das alças – elástico ou cordão e esgarçamento do tecido.

A melhor maneira para limpeza das máscaras de tecido é fazer uso de sabão ou detergente, da seguinte maneira: fazer uma solução de sabão ou detergente e pouca água, para deixar a máscara de molho entre 15-20 minutos; lavar normalmente, desprezar a solução de molho, enxaguar bem e não torcer. Por último secar, se possível ao sol, e guardar em saco limpo.

As entidades também reforçam que deve-se descartar as máscaras em lixo sanitário, com tampa, nunca em lixeiras sem tampa, tanto nas vias e espaços públicos, como em casa, escritórios, ou estabelecimentos comerciais. É importante ressaltar que a máscara de proteção ou qualquer material descartável usado para conter a pandemia, como luvas ou aventais, não devem ser jogados em lixo reciclável em nenhuma hipótese.

A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), por sua vez, alerta que a maneira correta para descartar máscaras e luvas usadas é os materiais dentro de dois saquinhos plásticos (um dentro do outro), amarrar bem forte e jogar no lixo comum, o que chamamos usualmente de “lixo do banheiro”. Se os materiais tiveram contato com uma pessoa contaminada, o cuidado deve ser redobrado e deve ser sinalizado ao ser colocado no lixo em um saco plástico com os dizeres “RISCO DE CONTAMINAÇÃO”.

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