Texto ainda deve ser revisado diversas vezes, antes do acordo final ser publicado nos próximos dias.

O primeiro esboço de um acordo que está sendo discutido na COP 27 do Egito manteve a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, mas deixou muitas das questões mais controversas nas negociações sem solução.

O texto publicado no site do UNFCC, contudo, deve ser revisado diversas vezes nos próximos dias, antes da publicação do documento final com o resultado das negociações da cúpula do clima deste ano.

Apesar disso, o presidente da COP 27 insistiu aos negociadores que superem suas diferenças, enquanto os países pobres classificaram o esboço como pouco ambicioso por não abordar profundamente o terma de perdas e danos, uma das questões-chave da cúpula deste ano.

“O tempo não está do nosso lado, vamos nos unir agora e entregar [o documento final] até sexta-feira”, disse Sameh Shoukry, em uma carta aos delegados publicada ontem (17).

O esboço de 20 páginas para um esperado acordo final repete a meta do Pacto Climático de Glasgow do ano passado de limitar o aquecimento a 1,5°C e “saúda” o fato de que os delegados começaram pela primeira vez discussões sobre o lançamento de um suposto fundo de perdas e danos para países devastados por impactos climáticos.

O termo faz referência aos estragos destrutivos da crise do clima que esses países não podem prevenir ou se adaptar com seus atuais recursos. Um exemplo disso é o Paquistão, que ficou cerca de 1/3 submerso este ano depois de fortes cheias.

Destacando as frustrações com as negociações até agora, uma delegação formada por Reino Unido, União Europeia e Canadá se reuniu com o presidente da COP 27, Shoukry, nesta quinta-feira para chamar a atenção para as lacunas nos atuais textos de negociação e expressar sua opinião de que as discussões não podem fracassar.

Países vulneráveis ao clima, incluindo pequenas nações insulares, apontaram que, embora o esboço do acordo mencione perdas e danos, ele não inclui detalhes para o lançamento de um fundo, uma demanda importante nas negociações que os delegados temem que possa impedir um acordo final.

Durante anos, os países ricos resistiram a um fundo de perdas e danos por medo de que isso pudesse abri-los para uma responsabilidade financeira sem fim por sua contribuição histórica para a mudança climática.

“Qualquer coisa menos do que estabelecer um fundo para perdas e danos nesta COP é uma traição às pessoas que estão trabalhando tão duro para limpar este ambiente e às pessoas que lutam pela humanidade”, disse Molwyn Joseph, ministro do Meio Ambiente de Antígua e Barbuda.

O esboço também repete o pedido do acordo de Glasgow para que os países acelerem as medidas para a redução gradual da energia a carvão, apesar de uma proposta da Índia e da União Europeia de expandir o requisito para todos os combustíveis fósseis.

O texto enfatiza “a importância de unir todos os esforços em todos os níveis para alcançar a meta de temperatura do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.”

As temperaturas já aumentaram 1,1°C e a projeção é de que ultrapassem 1,5°C sem cortes rápidos e profundos nas emissões nesta década.

g1 – COP 27: primeiro rascunho de acordo climático mantém limite de 1,5°C, mas deixa questões sem solução

Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-27/noticia/2022/11/17/cop-27-primeiro-rascunho-de-acordo-climatico-mantem-limite-de-15c-mas-deixa-questoes-sem-solucao.ghtml

Acesso em 18/11/2022.