Apresentado na Semana do Meio Ambiente no início de junho, o PlanClima SP (Plano de Ação Climática do Município) aponta projeções necessárias em cenários estendido (todas as barreiras foram superadas e outros atores públicos e privados realizaram as ações de suas respectivas competências) e ambicioso (todas as ações previstas por políticas municipais, estaduais e federais foram implementadas, bem como o foram as tendências positivas do mercado) de reduções de emissões de gases de efeito estufa. As mitigações assim obtidas visam minimizar o aquecimento global e, desse modo, combater a mudança do clima e apoiar a adaptação para um planeta mais sustentável. Os cenários de emissão mostram quanto de mitigação pode ser obtido com determinadas ações.

Importante esclarecer que o Painel Intergovernamental de Mudança do Clima, conhecido pela sua sigla em inglês IPCC, publicou, em 2018, o estudo Global Warming of 1,5 °C, o qual aponta o que os países devem fazer para cumprir o Acordo de Paris e manter o aquecimento global em até 2 °C até 2100, mas preferencialmente abaixo de 1,5°C. Se for para manter o aumento da temperatura em 2 °C em 2100, os países precisam cortar as emissões de CO2 em 25% até 2030 e 100% delas em 2075. Se for para manter a temperatura abaixo de 1,5 °C em 2100, os países precisam cortar 45% das emissões de CO2 até 2030 e 100% delas até 2050.

No PlanClima SP, são analisados impactos nos setores de energia, edificações, mobilidade e transporte e de resíduos sólidos e efluentes líquidos. Até o fim desta década, a modelagem do cenário estendido apontou que será necessário que 19% de todas as edificações da cidade estejam equipadas com sistemas de geração distribuída fotovoltaica – energia elétrica produzida a partir do calor e da luz solar. E já traçando o objetivo de daqui a 29 anos, 92,6% da matriz elétrica deverá ser renovável e 71% de todas as edificações da cidade terão sistemas de geração distribuída. Importante destacar que, quando o PlanClima SP foi feito, a Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil à Convenção do Clima era mais ambiciosa, com alto grau de expansão do uso energia renovável, situação que foi modificada em 2020, com a substituição de Compromisso realizada pelo governo federal.

O Plano prevê ainda que todas as novas edificações utilizem eletricidade para cocção e sistemas solares ou elétricos para aquecimento de água. Desta forma, em 2050 já seriam 82% das edificações do município adaptadas a estes sistemas e 86% das residências com a utilização de eletricidade para cocção, pois o que se deseja é que o aumento do aquecimento global seja de apenas 1,5 °C em 2100, para haver o mínimo dano possível aos sistemas naturais, em particular o sistema climático. Todas as construções precisarão estar equipadas com eletroeletrônicos de alta eficiência.

Para o desafio da mobilidade e do transporte, já em 2030 é projetada uma redução de 64% dos veículos de passageiros movidos a combustíveis fósseis e com uma frota na cidade de 22% de veículos de carga movida a tecnologia sem emissões. Além disso, apenas 15% das viagens sendo utilizadas com o automóvel como modo principal e 4,8% realizadas por bicicleta. Em 2050 a frota integral de veículos de passageiros e 65% de veículos de carga serão sem emissões. Os demais 35% a biodiesel B100 – bem menos poluente que o petróleo. Há a premissa ainda de que somente 10% das viagens sejam feitas por automóvel e outros 10% por bicicleta.

Em relação aos resíduos sólidos e efluentes líquidos a projeção para o fim desta década é de redução de 17% no volume gerado na cidade e mais da metade (54%) de todo resíduo em papel e plástico encaminhado para a reciclagem. Além disso, 17% dos resíduos orgânicos serão tratados por digestão anaeróbia, sem oxigênio. Já em 2050, a meta é reduzir em 30% o volume de resíduos gerados e 90% de todo resíduo em papel e plástico encaminhados para a reciclagem. Serão 71% dos resíduos orgânicos tratados por digestão anaeróbia e 100% dos efluentes domésticos tratados por sistemas anaeróbios com aproveitamento energético de biogás.

GOV/SP – “PlanClima SP projeta redução de emissões para 2030 e 2050” – Veja a notícia na íntegra aqui.