Estudo Lacuna de Produção 2025 analisa contradições globais na transição energética às vésperas da COP-30

O Brasil assumiu o compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em até 67% até 2035, conforme meta apresentada às Nações Unidas. No entanto, projeções oficiais indicam aumento de 56% na produção de petróleo até 2030 e de 118% na de gás até 2034. Os dados integram o relatório internacional Lacuna de Produção 2025 (The Production Gap), divulgado por instituições como o Instituto Ambiental de Estocolmo, a Climate Analytics e o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, com participação de mais de 50 cientistas de diversos países, inclusive brasileiros.

O levantamento avalia a produção planejada e projetada de carvão, petróleo e gás em 20 grandes nações responsáveis por 80% da oferta global de combustíveis fósseis. Em âmbito mundial, os países planejam extrair 120% a mais de combustíveis fósseis do que seria compatível com o limite de aumento médio de temperatura global de 1,5ºC, estabelecido pelo Acordo de Paris.

No caso brasileiro, além das metas climáticas, o relatório destaca a ampliação da exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Amazonas e os planos de adesão à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+). Especialistas ouvidos no estudo apontam que a expansão da produção de combustíveis fósseis contrasta com os compromissos de descarbonização e demanda critérios mais claros para uma produção remanescente sustentável.

O relatório também cita como fatores relevantes para o Brasil a redução do desmatamento e a adoção de técnicas agrícolas de baixa emissão, especialmente no setor pecuário, como parte das estratégias para atingir as metas globais. Ainda assim, o aumento da degradação da Amazônia e dos riscos de queimadas coloca em alerta a capacidade de regeneração do bioma e o cumprimento dos objetivos climáticos.

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Fonte: O Estado de São Paulo. País vive desafio de cumprir meta climática, apesar de extrair mais petróleo e gás. Acesso em 23 de setembro de 2025.